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Depoimento de Luíza Lucchesi: FUDLC, um caminho ao amor

Existem momentos na nossa existência em que a nossa vida parece um grande borrão. Relembrar esses momentos é até um exercício interessante: você enxerga formas distorcidas de desenhos que, por vezes, são um desconjuntado de linhas tortuosas e feias, parecendo os desenhos que eu fazia no primário. Muitas vezes me vi assim: um borrão. Buscava, em todas as fases, respostas pra minha ausência de nitidez.

No meu coração, o desejo de viver dava lugar a um vazio imenso e profundo, impossível de mergulhar e retornar. O cansaço e o desânimo andavam abraçados em mim, como velhos amigos de um banco de uma praça qualquer. E o medo me revisitava sempre que achava um espaço no aconchego do meu peito. A falta de vontade de viver era como uma visita inconveniente, daquelas que chegam sempre quando estamos à beira da porta, só pra fazer com que entremos novamente e, a contragosto, servir um café. É intenso, eu sei, mas nada que pudesse ser desconsiderado.

Aí, no meio do caminho, entre um mundo de possibilidades e amor (mundo o qual eu não reconhecia) e a minha descrença, cansaço, desânimo, medo, e a tal visita inconveniente, tinha um Caboclo. E tinha um Exu, e Crianças, e Pretos-velhos, e Mestres, e Jesus. Todos eles com as mãos estendidas, há tempos, esperando apenas que eu segurasse para me trazerem de volta à vida que eu me comprometi em viver. No meio de tudo isso que me paralisava, tinha uma Fraternidade. Irmãos, amigos de outras vidas, reencontros marcados. Todos e cada um deles esperando que eu fosse compor um lindo quadro do que seria o porvir.

A FUDLC tava lá, me esperando de braços abertos, torcendo para que eu a encontrasse. Torcendo para que eu me reencontrasse. E foi lá, na figura dessa casa de amor, que me esperava um caminho. Um caminho para que eu ensinasse aos amigos que andavam de braços dados comigo – cansaço e desânimo – que era hora deles partirem. Caminho em que eu poderia, também, ensinar ao medo que o amor é a única resposta. E que pudesse, ainda, elegantemente recusar a visita inconveniente da falta de ânimo, já que o café eu tomaria agora com Cambinda e Pai Joaquim.

No meio de todo esse turbilhão o qual me encontrava, encontrei um parâmetro de calmaria. Um barquinho velho, no meio do mar sereno, que estaria ali sempre para que eu retomasse o norte, encontrando minha bussola tão perdida dentro de mim mesma. E é assim, que eu consigo perceber que essa casa não pode não existir. Porque o amor está lá, de braços abertos, esperando qualquer um que precise da calmaria em meio à tempestade. A FUDLC precisa estar lá porque assim é uma forma de encontrarmos nosso caminho de volta. Ela precisa existir porque existem pessoas que acreditam. Existem braços estendidos, mãos a postos, abraços calorosos, olhares amigos e amor. Muito amor. Minha casa do coração, meu barquinho no mar sereno, minha porta de entrada a mim mesma: não deixem fechar.

Luíza Lucchesi

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